Com títulos de reinos incabíveis,
Guardados em finíssimo escrínio,
Na ilusão de ter tronos e domínio,
Ribamar sonha coisas impossíveis.
Seus tesouros são tão inconcebíveis,
Próprios das mentes em letal declínio.
Traz dragonas na farda incredíveis
E medalhões com brilho em extermínio.
Fala em realizações impraticáveis,
Em projetos vultosos e infindáveis;
Indica nomes, fatos enumera.
Por Príncipe conhece-o a cidade.
E o povo que lhe deu a majestade
Deu-lhe as chaves argênteas da quimera.
(O autor explica como surgiu este poema.
Estávamos, João Aécio Sabiá e eu, na esquina da Rua Santa Luzia com São Pedro, numa longínqua tarde de 1964, quando o Príncipe, solícito, aproximou-se de nós dois, mostrando-nos um volume de papéis que dizia ser títulos do tesouro nacional que lhe mandara o presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, a fim de transformá-los nos recursos indispensáveis para construção de uma fábrica de fumaça. Ouvimo-lo atentamente, pondo mel na sua loucura. Ao retirar-se, meu companheiro lançou-me um repto: "Escreva uns versos sobre o Príncipe". Ali mesmo os compus. Propondo-se fazer-me um regalo, Everardo Nobre, de saudosa memória, cuidou de os divulgar posteriormente, veiculando-no livreto Figuras Antológicas de Juazeiro, Promoção: Clube dos Poetas Juazeirenses.
O AUTOR
Eduardo José Pereira de Matos, juazeirense, bancário aposentado, advogado.
2 comentários:
Daniel, sou-lhe grato por essa lembrança. Não possuía mais cópia deste soneto porque um defeito no HD do meu computador pôs a perder escritos de muitos anos. Aos poucos, graças ao concurso de amigos como você, tenho recuperado alguns.
Eduardo Matos
Muito interessante tudo o que falaste deste ícone de Juazeiro do Norte!
Só um pequenino detalhe. O tratamento para príncipe é Sua Alteza Real. Majestade é para reis e rainhas.
Meus parabéns pelo belo trabalho apresentado.
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